sábado, 2 de julho de 2022
reportando do futuro
que quase deu certo...
varias vezes pareceu que tinha dado.
voce chegou até aqui.
da varanda do seu quarto em jundiai, olhando pro horizonte se imaginando
mais velho, livre, independente, numa varanda de um ap
seu sonho era ser feliz em sp
sair de casa e encontrar os seus
sair do tédio...
nao deu certo.
infelizmente
não deu certo...
você continua igual.
igualzinho.
terça-feira, 23 de março de 2010
terça-feira, 9 de junho de 2009
pensando nas músicas que vão compor a minha trilha sonora, penso que tudo vai ficar bem. eu posso me apaixonar de novo e não dar em nada, porque depois eu vou ouvir ero's entropic tundra e tudo fica bem. posso estar morrendo de ansiedade com os pequenos sonhos da vida, mas tudo passa ao ouvir mushaboom. se eu estiver me sentindo mal por ter sempre agido de forma errada, vou ouvir so sorry ou então you never got me right e pronto, tudo está bem. ao me sentir gordo basta colocar devin in the details pra tocar e pronto. no fim tudo fica bem porque you're never lonely when the band plays.
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terça-feira, 19 de maio de 2009
Sobre amor e amizade
Eu não quero mais amigos. Digo, ter amigos novos é ok, sempre bom, mas eu não quero mais agora. Tô bem de amizades.
É sério.
Algo que sempre me incomoda muito é quando alguém começa a só querer ser meu amigo quando até então indicava outra coisa. Acho um saco. Uma amiga me disse que eu sou muito bom e que por isso percebem que é melhor assim, na amizade.
Porra.
Talvez seja melhor deixar de ser legal.
Me disseram que em assuntos de amor e relacionamentos, a maioria das pessoas gosta de sofrer. Um pouco, que seja, mas quando a pessoa é muito legal não é interessante. Eu até concordo. Tem que ter atrito, algo do tipo. Mas ser legal é algo fundamental. Não consigo não ser legal com quem eu gosto.
Na verdade, eu tenho até medo de admitir mas, eu acho que eu acabo me mudando um pouco quando conheço um possível-amor. Porque todo mundo sempre me classifica como chato, frescurento, sistemático, essas coisas, e de repente me vejo sendo total compreensivo e educado, fofo e carinhoso. Eu tenho medo de ficar sozinho e medo de me tornar um velho gordo e careca, rabujento e sem amor. Sério, eu tenho pesadelos com isso. Daí que eu tento me mudar um pouco mesmo, quando eu conheço alguém. E outra que meu comportamento "chato" tem a ver com um humor negro bem afinado. Ironia, sinceridade extravagante, esse tipo de coisa. É divertido pra mim. Só que eu também sei a hora de parar de graça e manter uma conversar normal, sem besteiras. Enfim, eu tenho receio de que eu seja um hopeless romantic ao ponto de me modificar por alguém e talvez esse seja meu problema, porque as pessoas não sentem autenticidade e acabam abrindo mão. Não sei.
É foda.
É sério.
Algo que sempre me incomoda muito é quando alguém começa a só querer ser meu amigo quando até então indicava outra coisa. Acho um saco. Uma amiga me disse que eu sou muito bom e que por isso percebem que é melhor assim, na amizade.
Porra.
Talvez seja melhor deixar de ser legal.
Me disseram que em assuntos de amor e relacionamentos, a maioria das pessoas gosta de sofrer. Um pouco, que seja, mas quando a pessoa é muito legal não é interessante. Eu até concordo. Tem que ter atrito, algo do tipo. Mas ser legal é algo fundamental. Não consigo não ser legal com quem eu gosto.
Na verdade, eu tenho até medo de admitir mas, eu acho que eu acabo me mudando um pouco quando conheço um possível-amor. Porque todo mundo sempre me classifica como chato, frescurento, sistemático, essas coisas, e de repente me vejo sendo total compreensivo e educado, fofo e carinhoso. Eu tenho medo de ficar sozinho e medo de me tornar um velho gordo e careca, rabujento e sem amor. Sério, eu tenho pesadelos com isso. Daí que eu tento me mudar um pouco mesmo, quando eu conheço alguém. E outra que meu comportamento "chato" tem a ver com um humor negro bem afinado. Ironia, sinceridade extravagante, esse tipo de coisa. É divertido pra mim. Só que eu também sei a hora de parar de graça e manter uma conversar normal, sem besteiras. Enfim, eu tenho receio de que eu seja um hopeless romantic ao ponto de me modificar por alguém e talvez esse seja meu problema, porque as pessoas não sentem autenticidade e acabam abrindo mão. Não sei.
É foda.
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segunda-feira, 11 de maio de 2009
Fim de semana
Era tarde, a tarde na verdade, e após seu telefonema, ela foi até seu quarto, procurou entre seus cds e encontrou um especial. Colocou pra tocar bem alto. Queria prolongar o bem-estar que a voz dele lhe causava.
E funcionou.
Mesmo sonhou acordada, pensando nele, enquanto a mesa balançava com as batidas. Um incensário de metal barato pulando e agregando seu som agudo àquela melodia num piano desligado. Som grave, parecido com o batuque do seu coração, que batia forte.
Descalça no piso gelado sentia um certo frio, arrepio. Roupas de ficar em casa, as melhores. O cabelo sujo preso num rabo de cavalo solto, uns fios caindo. Mesmo assim se sentia amada.
Já se passava um mês e ele ainda dizia coisas fofas, bregas até. E seu dia só valia quando ouvia-o dizer "minha querida". Na verdade, não.
Seus dias passavam normalmente, era bons. Ela acordava cedo, tomava um banho pra despertar, ia pro trabalho. No almoço, ria com as amigas. No fim do expediente caminhava até sua casa e gosta mesmo do pôr-do-sol. O céu laranja, às vezes lilás, bem bonito de se ver. Chegava em casa, ligava a tv, colocava uns chinelos, um short, cozinhava e comia em frente a tv, pra depois um cigarro e dormir. No sofá. Até que acordava sem querer - mas sempre na mesma hora, automática - e ia pra cama. Sonhava todas as noites e se orgulhava de lembrar. Sua analista dizia ser mesmo uma grande coisa.
Gostava dos sonhos mais inusitados, como quando sonhou que voava em um tubo de colgate. Mania de higiene, disse na análise. A psicóloga riu.
Estava ali quase que dançando, sentindo o chão frio, quando o telefone tocou de novo.
- Alô, filha?
- Oi mãe...
- Seu irmão bateu o carro.
Juntou meia duzia de roupas, jogou-as numa mochila e saiu. Metrô, rodoviária, ônibus, casa dos pais. Seu irmão mais velho e também mais irresponsável havia batido o carro no que na verdade teria sido um acidente, quando um ônibus bateu no carro dele. Me fechou, ele disse. Tinha quebrado uma perna e arranhado o peito e os braços. Nada de demais, também. Chegou a pensar que sua mãe havia feito drama só pra tê-la em casa no final de semana. Péssima idéia teria sido pois amanhã ela iria sair com ele. O fofo. Foi então que sentada na cozinha resolveu ligar pra ele.
A casa da sua mãe tinha o mesmo chão frio que o seu apartamento. Já estava descalça, como sempre passou durante sua adolescência. Pegou um café na cafeteira, sentou-se à mesa. Do celular vermelho deu a noticia. Amor, amanhã não vai rolar. Meu irmão sofreu um acidente, tô na casa dos meus pais, volto na segunda feira, um beijo e a gente se fala.
Se sentiu triste. Ele, desapontado, não foi fofo. Esqueceu de dizer tudo bem minha querida e ela não se sentiu bem. De repente o piso era gelado demais e na sua cabeça todas as lembranças e motivos de ter saído de casa voltaram. Porque seu irmão não ajudava em nada e ela sempre tinha que fazer tudo, e porque sua mãe não permitia a devida liberdade, fumava no banheiro, pintava as unhas na escola pra depois tirar o esmalte no ônibus de volta pra casa, shorts coisa de safada, cabelo sujo desleixada. Enfim, revoltou-se. Subiu pro que fora seu quarto, deitou-se no sofá-cama reservado às visitas e dormiu.
Para esperar o final de semana acabar e ter de volta o aconchego de seu apartamento e as palavras de carinho de seu grande amigo amado.
E funcionou.
Mesmo sonhou acordada, pensando nele, enquanto a mesa balançava com as batidas. Um incensário de metal barato pulando e agregando seu som agudo àquela melodia num piano desligado. Som grave, parecido com o batuque do seu coração, que batia forte.
Descalça no piso gelado sentia um certo frio, arrepio. Roupas de ficar em casa, as melhores. O cabelo sujo preso num rabo de cavalo solto, uns fios caindo. Mesmo assim se sentia amada.
Já se passava um mês e ele ainda dizia coisas fofas, bregas até. E seu dia só valia quando ouvia-o dizer "minha querida". Na verdade, não.
Seus dias passavam normalmente, era bons. Ela acordava cedo, tomava um banho pra despertar, ia pro trabalho. No almoço, ria com as amigas. No fim do expediente caminhava até sua casa e gosta mesmo do pôr-do-sol. O céu laranja, às vezes lilás, bem bonito de se ver. Chegava em casa, ligava a tv, colocava uns chinelos, um short, cozinhava e comia em frente a tv, pra depois um cigarro e dormir. No sofá. Até que acordava sem querer - mas sempre na mesma hora, automática - e ia pra cama. Sonhava todas as noites e se orgulhava de lembrar. Sua analista dizia ser mesmo uma grande coisa.
Gostava dos sonhos mais inusitados, como quando sonhou que voava em um tubo de colgate. Mania de higiene, disse na análise. A psicóloga riu.
Estava ali quase que dançando, sentindo o chão frio, quando o telefone tocou de novo.
- Alô, filha?
- Oi mãe...
- Seu irmão bateu o carro.
Juntou meia duzia de roupas, jogou-as numa mochila e saiu. Metrô, rodoviária, ônibus, casa dos pais. Seu irmão mais velho e também mais irresponsável havia batido o carro no que na verdade teria sido um acidente, quando um ônibus bateu no carro dele. Me fechou, ele disse. Tinha quebrado uma perna e arranhado o peito e os braços. Nada de demais, também. Chegou a pensar que sua mãe havia feito drama só pra tê-la em casa no final de semana. Péssima idéia teria sido pois amanhã ela iria sair com ele. O fofo. Foi então que sentada na cozinha resolveu ligar pra ele.
A casa da sua mãe tinha o mesmo chão frio que o seu apartamento. Já estava descalça, como sempre passou durante sua adolescência. Pegou um café na cafeteira, sentou-se à mesa. Do celular vermelho deu a noticia. Amor, amanhã não vai rolar. Meu irmão sofreu um acidente, tô na casa dos meus pais, volto na segunda feira, um beijo e a gente se fala.
Se sentiu triste. Ele, desapontado, não foi fofo. Esqueceu de dizer tudo bem minha querida e ela não se sentiu bem. De repente o piso era gelado demais e na sua cabeça todas as lembranças e motivos de ter saído de casa voltaram. Porque seu irmão não ajudava em nada e ela sempre tinha que fazer tudo, e porque sua mãe não permitia a devida liberdade, fumava no banheiro, pintava as unhas na escola pra depois tirar o esmalte no ônibus de volta pra casa, shorts coisa de safada, cabelo sujo desleixada. Enfim, revoltou-se. Subiu pro que fora seu quarto, deitou-se no sofá-cama reservado às visitas e dormiu.
Para esperar o final de semana acabar e ter de volta o aconchego de seu apartamento e as palavras de carinho de seu grande amigo amado.
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sábado, 28 de março de 2009
Victor, fly me to Stafford
Sempre que vejo por aí uma indicação de que você está vivo, de que conversa com as pessoas, de que anda, de que sai, de que trabalha, de que sofre, de que enfim. Toda vez que percebo de repente que você ainda vive é um baque. Sabe, não ser ao menos seu amigo é duro pra mim porque parece mesmo que você morreu. Meu amor perdido é aquele amor que a vida levou, não que o tempo separou. Distância eterna, mais ou menos assim, me mantendo longe de você. E parece que vai ser pra sempre.
Sempre que passo pela sua cidade peço intimamente que te coloquem no meu caminho, para que eu te encontre e te diga um grande oi surpreso. Tenho receio de que não me reconheça ou que não queira mesmo falar comigo. Mas te ver já seria bom.
Me pergunto se você me tem como uma mitologia, também. Se sou uma lenda pros seus sonhos noturnos das noites de insônia quando o sono se transforma em mais que vozes na sua cabeça e é como se morresse - memórias antiguíssimas repassadas no teu cérebro. Eu te vejo como um Deus, uma pintura das cavernas, uma pirâmide, Jô Soares, sei lá. Sei que você existe, sei que é belo, mas não te vejo.
Sonho com o dia em que vou te encontrar no mais puro acaso e vou poder gritar teu nome do outro lado da rua, atravessar correndo e dizer pelo menos oi, e talvez, desculpa. Meu grande credo, no meu altar, em mim, aqui, no meu coração, pra sempre.
Volta.
Sempre que passo pela sua cidade peço intimamente que te coloquem no meu caminho, para que eu te encontre e te diga um grande oi surpreso. Tenho receio de que não me reconheça ou que não queira mesmo falar comigo. Mas te ver já seria bom.
Me pergunto se você me tem como uma mitologia, também. Se sou uma lenda pros seus sonhos noturnos das noites de insônia quando o sono se transforma em mais que vozes na sua cabeça e é como se morresse - memórias antiguíssimas repassadas no teu cérebro. Eu te vejo como um Deus, uma pintura das cavernas, uma pirâmide, Jô Soares, sei lá. Sei que você existe, sei que é belo, mas não te vejo.
Sonho com o dia em que vou te encontrar no mais puro acaso e vou poder gritar teu nome do outro lado da rua, atravessar correndo e dizer pelo menos oi, e talvez, desculpa. Meu grande credo, no meu altar, em mim, aqui, no meu coração, pra sempre.
Volta.
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quinta-feira, 5 de março de 2009
deitada na cama entre os cobertores eu conseguia vê-lo de costas, sentado na cadeira de plástico branco. o seu casaco vermelho no encosto do assento. sua perna esticada embaixo da mesa. os pés dançando dentro do seu tênis amarelo.
na mesa branca muitos lenços de papel amassados e é um desperdício afinal você só os usa para limpar as lentes do óculos e a sujeira é mínima e mesmo assim você os amassa e deixa em cima da mesa. você até pensa que irá usar de novo o mesmo papel mas no fundo você sabe que não, porque usar um lenço sujo na lente pode riscá-la e o que seria simples fica complicado demais, porque lentes custam muito caro. e suas manias de limpeza o impedem MESMO de usar lenços já usados.
enfim,
onisciência minha que me cansa. me canso de tanto falar em você. em meu horizonte não vejo sóis e nuvens, apenas você. e escrever sobre seus atos íntimos e sobre os nossos quartos e nossos cheiros e nossos nossos nossos nossos momentos me acalmam e eu me deito livre e feliz todas as noites, desejando sonhar com você e com n.o.s.s.o.s momentos.
todos os dias um pequeno diário de viagem, onde sinto vontade de colar seus fios de cabelo - como uma moça de um jovem casal cola as entradas dos museus e peças vistas na europa - e os fiapos das suas roupas. pegar um pedaço de papel e passar em seu corpo guardando tua fragância pra senti-la de novo toda noite antes de dormir quando penso em você e sorrio, sozinha, em minha cama. uma viagem diária que faço sem malas mas uma enorme bagagem. e você reclama, às vezes, que sou quieta demais e que isso incomoda. eu sei. perdão, mas surge mesmo uma dislexia ao olhar nos seus olhos. o brilho do teu olhar me leva pra outro mundo, outro país, onde estamos passeando por avenidas coloridas de luzes bailarinas que reluzem nosso sentimento. borrões fotografados delicadamente.
a verdade é que
te amo.
na mesa branca muitos lenços de papel amassados e é um desperdício afinal você só os usa para limpar as lentes do óculos e a sujeira é mínima e mesmo assim você os amassa e deixa em cima da mesa. você até pensa que irá usar de novo o mesmo papel mas no fundo você sabe que não, porque usar um lenço sujo na lente pode riscá-la e o que seria simples fica complicado demais, porque lentes custam muito caro. e suas manias de limpeza o impedem MESMO de usar lenços já usados.
enfim,
onisciência minha que me cansa. me canso de tanto falar em você. em meu horizonte não vejo sóis e nuvens, apenas você. e escrever sobre seus atos íntimos e sobre os nossos quartos e nossos cheiros e nossos nossos nossos nossos momentos me acalmam e eu me deito livre e feliz todas as noites, desejando sonhar com você e com n.o.s.s.o.s momentos.
todos os dias um pequeno diário de viagem, onde sinto vontade de colar seus fios de cabelo - como uma moça de um jovem casal cola as entradas dos museus e peças vistas na europa - e os fiapos das suas roupas. pegar um pedaço de papel e passar em seu corpo guardando tua fragância pra senti-la de novo toda noite antes de dormir quando penso em você e sorrio, sozinha, em minha cama. uma viagem diária que faço sem malas mas uma enorme bagagem. e você reclama, às vezes, que sou quieta demais e que isso incomoda. eu sei. perdão, mas surge mesmo uma dislexia ao olhar nos seus olhos. o brilho do teu olhar me leva pra outro mundo, outro país, onde estamos passeando por avenidas coloridas de luzes bailarinas que reluzem nosso sentimento. borrões fotografados delicadamente.
a verdade é que
te amo.
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terça-feira, 21 de outubro de 2008
Vinte e Cinco Degraus I
25 degraus e é preciso subir. Nenhuma metáfora singela fora criada e nem a isso consegue apegar-se. Me desculpe, eu preciso das minhas cores, pensa em dizer ao entrar no salão e ver sapatilhas cinzas. Não diz. É então que tudo acontece.
Após ajustar sua cadeira, acomodar os pés embaixo da mesa e dizer bom dia caixa postal e ouvir todos os recados, ela percebeu que o sol pedia para entrar em sua sala. Persianas fechadas. I can see the sunshine that makes me want to cry tears of rainbow coloured joy. Listrinhas de cor-sim-cor-não de na verdade luz-sim-luz-não - o jogo de sombra e luz que os raios solares e as persianas conseguem criar - nas paredes, por cima de sua mesa e mais um pouco, sobrando, no chão. E é tudo o que ela consegue pensar. São apenas dois minutos de transgressão em que aquela melancolia colorida e azeda chega, fazendo um jogo de alegria-sim-alegria-não em seu corpo. Oscilação maldita que mora ali dentro - dela - como qualquer outra coisa que mora em algum lugar pra sempre ou então por muito tempo - está cansada das comparações. Seu amigo de serviço, um homem alto, magro, 37 anos, de cabelos ondulados em cor mel quase louro, olhos escuros e pele ressecada bate à sua porta e diz bom dia. Já não encontrava-se ali - nela - o papel de parede listrado e ela sorriu. De fato sorriu porque gosta dele, deste homem alto que trabalha com ela. Durante os intervalos é com ele que ela vai passear e almoçar. Dividem os cigarros e não há uma única coisa que ela sinta vergonha de dizer a ele. Ela, em seus 25 anos, consegue ser despojada o suficiente para ter amigos homens - e ainda mais velhos - que são casados e tudo o mais e também tem a capacidade de se comportar como uma senhora quando está na frente de um homem mais novo. Sua característica persiana é algo que ela realmente consegue admirar em si mesma. Sentada ali, conversando e dando atenção àquele homem, ela realmente é uma moça atraente. Tem sua própria sala no escritório e consegue desfilar em salto alto mesmo tendo passado toda sua vida de menina andando descalça por entre construções de seu antigo bairro. O seu cabelo, diriam as outras mulheres, não chegava a ser bonito. Mas ao mesmo tempo conseguia ser arrumado, o que já era suficiente. Fios finos demais que costumam ficar arrepiados e me ouso a arriscar que aquele corte não é certo pra ela. Mas no enfim ela é uma moça muito atraente. E o homem alto está ali, contando como fora seu final de semana, entusiasmado e risonho.
De repente tudo volta a acontecer.
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domingo, 7 de setembro de 2008
Teria eu sorrido como sorri se, por acaso, você não estivesse com os fones de ouvido (de um modelo antigo, que fica como um arco em volta da cabeça) quando te vi entrar? Não sei. Acredito que não.Porque quando ganhei meu primeiro aparelho móvel para ouvir música - na época um discman - eu logo troquei os fones. Aqueles pequenininhos, que se enfiam na orelha, nunca me agradaram. Ficavam caindo e me irritavam os ouvidos, eu sentia dores. Daí que eu comprei um fone "tradicional", modelo antigo, daqueles com as caxinhas de som pra fora das orelhas e um arco em volta da cabeça, e eu adorava. Além de ser mais útil, eu achava bonito. Eu não sei, mas eu ficava com uma aparência diferente, era como um acessório. Eu associava a várias coisas: cantor, cineasta, DJ. Coisas que me agradavam e enfim, ter te visto com fones iguais aos meus antigos (não uso mais esse tipo de fone porque veja bem: no dia em que fui fazer aquele vestibular maldito ao qual não passei e nem gosto de me lembrar, decidi comprar fones novos. passei num mercado e comprei. eram lindos, desse modelo que eu sempre gostei. fiquei com ele durante muito tempo. há uns três meses ele quebrou. voltei ao mercado onde o tinha comprado mas, à minha desagradável surpresa, não o tinham mais. nem algum que fosse parecido. só encontrei esse fones pequenos. o desespero foi tão grande - ficar sem musica? jamais! - que decidi comprar um desses mesmo. sorte a minha ter encontrado um modelo diferente, ao qual não sei explicar ao certo mas que se encaixa perfeitamente em minhas orelhas e não me causa mais incômodo algum. e você deve estar cansado de tantas coincidências e coisas do tipo que eu vou colhendo e juntando nessa caixinha FD, mas você se lembra que ao me escrever aquela mensagem - "acabei de ler um recado seu de meses atrás" - você a fez embaixo de uma foto - "minimalista", você ainda disse - em que apareciam tais fones?) me fez sorrir de uma forma que nunca sorri na minha vida. Foi como um movimento de dança. Na dança tudo começa no quadril, que na verdade se projeta primeiramente pelo umbigo. Na dança, para erguer um braço, o bailarino deve iniciá-lo lá de baixo, do umbigo, e fazê-lo subir aos poucos, até explodir emanando sua energia pela ponta do dedo, tudo isso muito rápido é claro. No meu caso, porém, todo este movimento foi subjetivo, implícito. Meu sorriso começou do centro do meu corpo - o umbigo - e foi se dissipando para cima, até explodir nas pontas dos meus dedos que, juntos de meus braços e mãos, envolveram teu corpo
próximo ao meu
em
o nosso primeiro abraço.
próximo ao meu
em
o nosso primeiro abraço.
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segunda-feira, 21 de julho de 2008
parado em frente a estante caçando livros com o indicador e os títulos fora de foco porque seus olhos estão muito cansados devido a horas e horas de tédio e o seu sono é pesado mas você não dorme porque ao deitar na cama pensa que não tirou proveito o suficiente do dia e então decide descer e procurar um livro pra ler mas não. nada parece ser interessante.a insustentável leveza do ser marcado na página 102 e estagnado na sua mesa, embaixo de impressos da internet que não têm de fato muito valor e você sempre acaba jogando fora e toda a tinta da impressora acaba e você está perdido quando tem que imprimir aquele boleto bancário de alguma coisa inútil que comprou na internet e o seu pedido expira e você está sem tinta, sem o treco, sem sono e entediado. chorando nos finais dos filmes bonitinhos e silenciosos que vê sua vida parece ser insigificante e então você tenta acreditar que se parece com todos aqueles personagens e acha que adquirir um tom sarcástico e piadista nas suas frases - pensadas - é super natural do seu ser mas não. não é. e se implicam com você, você fica bravo e constrangido e diz eu sou assim! mas minutos depois percebe que não. não é. e percebe que sua vida não é um filme porque é realista demais e não tem focos em macro e borradinhos bonitinhos no fundo do cenário onde sua parede cheia de colagens bobas aparece desbotada.ligando desesperado usando vozes engraçadas para disfarçar o drama de estar se sentindo só você pergunta o que vamos fazer essa noite? e a resposta nada do outro lado do telefone te deixa envergonhado e você diz então ta bom, a gente se fala e antes de desligar pede me liga qualquer coisa e as vezes eles ligam - o pessoal - e você se arruma se sente bem e sai mas não. você não aproveita de verdade. toda noite volta pra casa eu preciso parar com isso preciso me organizar e arrumaros meus horários e juntar dinheiro.aí você acorda cedo e toma um banho gelado acreditando mesmo que suas impurezas psicológicas estão indo pelo ralo mas não. elas não vão. e no ônibus você briga com as velhas que lutam para conseguirem um lugar e grita sozinho no ônibus que só porque vocês são velhas merecem que eu dê o meu lugar? acento preferencial é antes da catraca vão pra lá! e uma senhora diz cavalheirismo é uma coisa que esse menino nunca ouviu falar e você continua gritando cavalheirismo era na época que você nasceu, senhora o mundo agora é dos espertos e o mais engraçado é que ainda se sente orgulhoso por tal atitude assim como quando briga com seus pais e grita aqueles argumentos revoltados e infantis que sabe muito bem fazer.e você se empolga em talvez arranjar um emprego na farmácia mas depois pensa que usar um uniforme branco não seria muito legal e aí desiste. e nessa oscilação infernal você vai. ou não. não vai a lugar nenhum.
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sexta-feira, 6 de junho de 2008
adeus.
nota mental: não esquecer a escova de dente.
voltei.
editado 07/09/2008, 03h30
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quarta-feira, 28 de maio de 2008
lks
lembrar daquele noite me fez bem. uma quarta-feira qualquer e o desejo nos fez inventar mentiras em casa para um encontro rápido. sua definição de amizade erótica - tal como Tomas - sendo concretizada. no seu carro, em menos de cinco minutos em que me sentara, você perguntou:
- você tem camisinha?
você estava lindo cantando alto enquanto dirigia e reclamava do trânsito. eu sempre gostei de estar com você no seu carro. as poucas vezes que estivemos juntos não me fazem ser uma idiota, porque é mais sensato mesmo gostar de algo que pouco acontece. assim meu amor não foi um vício, um costume. foi verdadeiro. pequenas coisas sempre têm mais valor. e pequeno equivale a pouco na nossa história.
o que me faz lembrar de nós eu não sei. mas eu sei que nos encontramos no melhor momento para o meu ego: a noite. como notívaga que sou, a noite me faz bem. e é engraçado porque há alguns anos atrás eu era tomada por uma melancolia vespertina, que acabava comigo quando o sol ia embora. eu me lembro de ter mencionado isso no nosso primeiro encontro... mas eu mudei. como sempre. e as noites sempre me fazem bem. e em algumas noites da minha vida, eu estive com você. sentindo o seu cabelo perfumado e a sua mão quente. e eu me arrependo de coisas bobas que aconteceram, mais ainda das que não aconteceram - você sabe - e tenho saudade. uma saudade doída e feliz. porque dor nem sempre é sinônimo de tristeza. minha saudade sorri porque foi belo, e sente dor porque não foi eterno.
de qualquer jeito,gosto de você. ainda. gostava.
- você tem camisinha?
você estava lindo cantando alto enquanto dirigia e reclamava do trânsito. eu sempre gostei de estar com você no seu carro. as poucas vezes que estivemos juntos não me fazem ser uma idiota, porque é mais sensato mesmo gostar de algo que pouco acontece. assim meu amor não foi um vício, um costume. foi verdadeiro. pequenas coisas sempre têm mais valor. e pequeno equivale a pouco na nossa história.
o que me faz lembrar de nós eu não sei. mas eu sei que nos encontramos no melhor momento para o meu ego: a noite. como notívaga que sou, a noite me faz bem. e é engraçado porque há alguns anos atrás eu era tomada por uma melancolia vespertina, que acabava comigo quando o sol ia embora. eu me lembro de ter mencionado isso no nosso primeiro encontro... mas eu mudei. como sempre. e as noites sempre me fazem bem. e em algumas noites da minha vida, eu estive com você. sentindo o seu cabelo perfumado e a sua mão quente. e eu me arrependo de coisas bobas que aconteceram, mais ainda das que não aconteceram - você sabe - e tenho saudade. uma saudade doída e feliz. porque dor nem sempre é sinônimo de tristeza. minha saudade sorri porque foi belo, e sente dor porque não foi eterno.
de qualquer jeito,
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sábado, 22 de março de 2008
Eu não vou afundar.
afundei.
editado 07/09/2008 às 03h28
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terça-feira, 18 de março de 2008
Eu vou encher a minha casa de livros e nem vou lê-los até o final, porque eu nunca leio e eu vou continuar comprando os livros (sempre as promoções, é claro) pra lotar a estante (e vou ter que comprar novas estantes, é óbvio) assim eu tenho um motivo. Motivo, desculpa, não importa a palavra. Eu só preciso ter algo pra ocupar a minha mente e pra poder fazer valer a pena o esforço dos dias de trabalho. Eu vou precisar de muito dinheiro para os livros e essa vai ser a motivação para levantar cedo. E quando eu preencher uma estante vai ser uma alegria! Terei que juntar dinheiro pra comprar uma nova. Os livros acumulando no chão da sala, no baú da cama... é.
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sexta-feira, 14 de março de 2008
Batom.
Caçando algo dentro da bolsa ela andava sem olhar pra frente.
"Essas maxibolsas de hoje em dia são verdadeiros porões de bagunça. Um batom jogado lá dentro e o que vai acontecer é que você nunca mais vai tê-lo em seus lábios. Acredite. Opte por bolsas pequenas."
Passando em frente ao cinema, olhava com o canto dos olhos para os filmes que estavam em cartaz. Ainda não achado o que procurava em sua bolsa, decidiu parar. Sentar. Procurar uma mesa para sentar, jogar a bolsa em cima da mesa (e escutar o barulho de moedas, brincos, carteira, guarda-chuva, toda a sua tranqueira esbarrando no vidro da mesa. um grande barulho e o vidro só não quebra porque a tecnologia tratou de criar os vidros temperados.) e com calma, muita calma, retirar tudo (ou então tudo o que fosse possível de ser colocado em cima da mesa - ou melhor, do pouco espaço que sobrava, afinal aquela bolsa gigante estava ali e definitivamente ela ocupava um grande espaço na superfície da mesa.) e finalmente encontrar o que tanto procurava (e que deveria de fato ser muito pequeno, tipo um batom).
"Oi Marina! Então, me desculpa. Estou atrasada porque eu não consigo achar a chave do meu carro. Eu joguei na bolsa e não acho! Sim, eu tô no cinema, mas assim que achar a chav... Hã? Ah, tá. Sim, sei, eu pego sim, pode deixar. Tá... ok. Beijo, até."
O telefone tocou. O celular foi rapidamente encontrado por causa do seu toque extremamente alto e inapropriado para lugares lotados. É muito feio o telefone tocando alto em lugares públicos. Ela atendeu, trocou algumas palavras e quando desligou o celular olhou para o relógio e se tenho uma boa máquina leitora de pensamentos, o que ela teria dito naquela hora foi:
- Caralho, estou super atrasada. Cadê a porra do batom?
Sim, ela mentiu. Não eram as chaves que a impediam de entrar na porcaria do carro, jogar a bolsa no banco de trás (isso se ela sem querer não a jogasse em cima do vidro e então o quebrasse [os vidros do carro não são de vidro temperado, são?] e então se atrasar um pouco mais. e sim, aquela bolsa continha material o suficiente para quebrar o vidro do carro), botar a chave no contato, mudar a marcha, acelerar e pronto. ir. Apenas ir e chegar onde quer que fosse que ela precisava. É tão fácil ir e vir hoje em dia e a desgraçada perdia tempo por não encontrar o batom. Mas ela está certa. Ficou duas horas sentada na sala de cinema, comendo pipoca, engordurando os dedos e fodendo o batom. Ela tem a obrigação de se retocar. Ela precisa. pre-ci-sa. daquele batom. É urgente, gente. Socorro.
Esse tipo de gente não está muito percebendo as pessoas a sua volta. Elas andam pelos lugares mais lotados e estão sempre compenetradas no interior de suas bolsas, no tecladinho do seu celular ou em coisas mais. Preocupadas com algo, sempre, e não conseguem ver o mundo. Vêem, mas não observam. Apenas passam. A verdade é que elas só olham pra atravessar porque senão elas podem morrer. E quando dirigem elas só olham para ver se o caminho está livre porque atropelar alguém não seria nada legal, muito pior mesmo seria bater o carro, e então elas prestam atenção. O mínimo, mas prestam. E toda atenção vai embora, claro, como sempre, depois de alguns drinks, e aí vocês sabem o que acontece. Obrigado por morrerem em seus acidentes cinematográficos, queridos. Nós, jornalistas, agradecemos pois afinal, sem a sua grandiosa morte não teríamos uma matéria para redigir.
A verdade é que a tia da maxibolsa deveria carregar uma bolsa menor porque então ela juntaria menos tralha e seria fácil pra ela encontrar o seu batom e estar pronta para ir onde ela precisava ir. E sendo mais fácil se maquear, talvez ela não estaria tão atrasada e ela não precisaria mentir e o grande momento seria: ela saindo do cinema, andando tranqüila com sua bolsa pequena no ombro, os lábios bem pintados, a chave do carro na mão e o telefone em silêncio guardado num bolsinho especial, as outras pessoas do shopping estariam todas apressadas e ela olharia para elas e pensaria "quanta pressa, gente! calma, o mundo há de esperar", e um grande sorriso no seu rosto, o ar condicionado é perfeito, o chão brilha de tanta limpeza, as lojas emanam músicas-ambiente super relaxantes, e nas vitrines tudo é tão barato, sempre 50% off. E ai, que mundo lindo! Ela sentaria no seu carro e colocaria a bolsa no banco do carona, se olharia no espelho retrovisor. O batom perfeito. Dedos sem gordura, lábios lindos, cabelo penteado. No relógio a hora é apenas números que orientam a sua rotina, e não mais aqueles monstros em forma de numeral que gritam VOCÊ ESTÁ ATRASADA, ACELERE! e que mudam rapidamente como uma cronômetro de uma bomba. Ela chegaria sem estar atrasada, limpa e radiante.
"É fácil facilitar as coisas, gente. Parem com isso. Parem com tudo. Pára, por favor. Pára."
Hoje em dia ela é palestrante em um grupo de apoio a mulheres que não sabem organizar as suas vidas, mas sempre chega atrasada.
"Essas maxibolsas de hoje em dia são verdadeiros porões de bagunça. Um batom jogado lá dentro e o que vai acontecer é que você nunca mais vai tê-lo em seus lábios. Acredite. Opte por bolsas pequenas."
Passando em frente ao cinema, olhava com o canto dos olhos para os filmes que estavam em cartaz. Ainda não achado o que procurava em sua bolsa, decidiu parar. Sentar. Procurar uma mesa para sentar, jogar a bolsa em cima da mesa (e escutar o barulho de moedas, brincos, carteira, guarda-chuva, toda a sua tranqueira esbarrando no vidro da mesa. um grande barulho e o vidro só não quebra porque a tecnologia tratou de criar os vidros temperados.) e com calma, muita calma, retirar tudo (ou então tudo o que fosse possível de ser colocado em cima da mesa - ou melhor, do pouco espaço que sobrava, afinal aquela bolsa gigante estava ali e definitivamente ela ocupava um grande espaço na superfície da mesa.) e finalmente encontrar o que tanto procurava (e que deveria de fato ser muito pequeno, tipo um batom).
"Oi Marina! Então, me desculpa. Estou atrasada porque eu não consigo achar a chave do meu carro. Eu joguei na bolsa e não acho! Sim, eu tô no cinema, mas assim que achar a chav... Hã? Ah, tá. Sim, sei, eu pego sim, pode deixar. Tá... ok. Beijo, até."
O telefone tocou. O celular foi rapidamente encontrado por causa do seu toque extremamente alto e inapropriado para lugares lotados. É muito feio o telefone tocando alto em lugares públicos. Ela atendeu, trocou algumas palavras e quando desligou o celular olhou para o relógio e se tenho uma boa máquina leitora de pensamentos, o que ela teria dito naquela hora foi:
- Caralho, estou super atrasada. Cadê a porra do batom?
Sim, ela mentiu. Não eram as chaves que a impediam de entrar na porcaria do carro, jogar a bolsa no banco de trás (isso se ela sem querer não a jogasse em cima do vidro e então o quebrasse [os vidros do carro não são de vidro temperado, são?] e então se atrasar um pouco mais. e sim, aquela bolsa continha material o suficiente para quebrar o vidro do carro), botar a chave no contato, mudar a marcha, acelerar e pronto. ir. Apenas ir e chegar onde quer que fosse que ela precisava. É tão fácil ir e vir hoje em dia e a desgraçada perdia tempo por não encontrar o batom. Mas ela está certa. Ficou duas horas sentada na sala de cinema, comendo pipoca, engordurando os dedos e fodendo o batom. Ela tem a obrigação de se retocar. Ela precisa. pre-ci-sa. daquele batom. É urgente, gente. Socorro.
Esse tipo de gente não está muito percebendo as pessoas a sua volta. Elas andam pelos lugares mais lotados e estão sempre compenetradas no interior de suas bolsas, no tecladinho do seu celular ou em coisas mais. Preocupadas com algo, sempre, e não conseguem ver o mundo. Vêem, mas não observam. Apenas passam. A verdade é que elas só olham pra atravessar porque senão elas podem morrer. E quando dirigem elas só olham para ver se o caminho está livre porque atropelar alguém não seria nada legal, muito pior mesmo seria bater o carro, e então elas prestam atenção. O mínimo, mas prestam. E toda atenção vai embora, claro, como sempre, depois de alguns drinks, e aí vocês sabem o que acontece. Obrigado por morrerem em seus acidentes cinematográficos, queridos. Nós, jornalistas, agradecemos pois afinal, sem a sua grandiosa morte não teríamos uma matéria para redigir.
A verdade é que a tia da maxibolsa deveria carregar uma bolsa menor porque então ela juntaria menos tralha e seria fácil pra ela encontrar o seu batom e estar pronta para ir onde ela precisava ir. E sendo mais fácil se maquear, talvez ela não estaria tão atrasada e ela não precisaria mentir e o grande momento seria: ela saindo do cinema, andando tranqüila com sua bolsa pequena no ombro, os lábios bem pintados, a chave do carro na mão e o telefone em silêncio guardado num bolsinho especial, as outras pessoas do shopping estariam todas apressadas e ela olharia para elas e pensaria "quanta pressa, gente! calma, o mundo há de esperar", e um grande sorriso no seu rosto, o ar condicionado é perfeito, o chão brilha de tanta limpeza, as lojas emanam músicas-ambiente super relaxantes, e nas vitrines tudo é tão barato, sempre 50% off. E ai, que mundo lindo! Ela sentaria no seu carro e colocaria a bolsa no banco do carona, se olharia no espelho retrovisor. O batom perfeito. Dedos sem gordura, lábios lindos, cabelo penteado. No relógio a hora é apenas números que orientam a sua rotina, e não mais aqueles monstros em forma de numeral que gritam VOCÊ ESTÁ ATRASADA, ACELERE! e que mudam rapidamente como uma cronômetro de uma bomba. Ela chegaria sem estar atrasada, limpa e radiante.
"É fácil facilitar as coisas, gente. Parem com isso. Parem com tudo. Pára, por favor. Pára."
Hoje em dia ela é palestrante em um grupo de apoio a mulheres que não sabem organizar as suas vidas, mas sempre chega atrasada.
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sábado, 23 de fevereiro de 2008
Foi se deitar correndo, desesperada e tudo o que fazia era chorar. O seu quarto, perfeitamente organizado e limpo, estava quente. A chuva lá fora não permitia que as janelas ficassem abertas. Desta forma, o quarto todo parecia guardar uma imensa nuvem de calor. Estava de fato muito abafado.
"O que é que acontece comigo, meu Deus?" perguntou enquanto jogava-se em cima da cama. As várias almofadas coloridas - que deveriam sempre ficar em cima da cama - pularam e voaram para o chão. Seus pés não descalços desarrumavam e sujavam o edredon, o tênis parecia mesmo rasgá-lo, mas era apenas impressão. E, de qualquer forma, ela não notava nada. Apenas chorava sobre a cama e o nariz já começava a escorrer. Pensava coisas como "ninguém aqui pra me notar", "não entendo o que sinto", "meu Deus, por que comigo?", "eles não vão notar e eu vou continuar assim pra sempre, serei esta pessoa amarga e doentia o resto da minha vida, meu Deus não quero viver assim". E ela era uma grande idiota. Toda essa porcaria de meu deus quando na verdade o que sempre dizia era que ele não existia. Uma falsa. Uma fraca. Eduarda era uma fraca.
Às onze horas ela decidiu, finalmente, se levantar. Esticou o corpo e limpou os olhos e foi andando, procurando assim, com os olhos inchados e ainda ardendo, encontrar as lentes e um pedaço de papel para limpar o nariz. Na mesa e é claro, um rolo de papel higiênico bem no canto e as lentes ao lado.
A minha vida anda uma bagunça. Todas as noites eu me estresso muito, sabe? E eu acabo fazendo coisas completamente nonsense. Ontem eu chutei a parede várias vezes e até me dei uns socos. Minha perna tá vemelha, olha. É sim, é muito estranho. É ridículo na verdade.
E riu.
Não tem sentido uma mulher fazer uma coisa dessas. Mas eu sei o que acontece. É a falta. Falta de tudo, do que fazer, do que pensar, de alguém. A gente sempre sente falta de alguma coisa, não é? E ao invés de isso tudo, quero dizer, da falta disso tudo me atacar com melancolia e silêncio, sou violenta e explosiva. Violentada, na realidade. Eu simplesmente faço essas maluquices porque sou violentada, assim de repente, com esses pensamentos idiotas de querem acabar com tudo. Mas eu não tenho culpa, te prometo. E eu tenho certeza que você vai entender.
A vergonha era grande quando sentou-se a mesa da cozinha. Ela estava lendo os papéis que estavam ali, a postura bem errada, os ombros quase na altura da mesa, na cabeça podia-se ver a linha da raiz do seu cabelo. O pijama largo deixava suas clavículas bem a vista. As pernas tortas, quase desnudas, cheias de marcas de depilação corrida. E os pés, feios, do tipo bailarina, estavam estáticos.
E eu não sabia o que dizer.
"O que é que acontece comigo, meu Deus?" perguntou enquanto jogava-se em cima da cama. As várias almofadas coloridas - que deveriam sempre ficar em cima da cama - pularam e voaram para o chão. Seus pés não descalços desarrumavam e sujavam o edredon, o tênis parecia mesmo rasgá-lo, mas era apenas impressão. E, de qualquer forma, ela não notava nada. Apenas chorava sobre a cama e o nariz já começava a escorrer. Pensava coisas como "ninguém aqui pra me notar", "não entendo o que sinto", "meu Deus, por que comigo?", "eles não vão notar e eu vou continuar assim pra sempre, serei esta pessoa amarga e doentia o resto da minha vida, meu Deus não quero viver assim". E ela era uma grande idiota. Toda essa porcaria de meu deus quando na verdade o que sempre dizia era que ele não existia. Uma falsa. Uma fraca. Eduarda era uma fraca.
Às onze horas ela decidiu, finalmente, se levantar. Esticou o corpo e limpou os olhos e foi andando, procurando assim, com os olhos inchados e ainda ardendo, encontrar as lentes e um pedaço de papel para limpar o nariz. Na mesa e é claro, um rolo de papel higiênico bem no canto e as lentes ao lado.
A minha vida anda uma bagunça. Todas as noites eu me estresso muito, sabe? E eu acabo fazendo coisas completamente nonsense. Ontem eu chutei a parede várias vezes e até me dei uns socos. Minha perna tá vemelha, olha. É sim, é muito estranho. É ridículo na verdade.
E riu.
Não tem sentido uma mulher fazer uma coisa dessas. Mas eu sei o que acontece. É a falta. Falta de tudo, do que fazer, do que pensar, de alguém. A gente sempre sente falta de alguma coisa, não é? E ao invés de isso tudo, quero dizer, da falta disso tudo me atacar com melancolia e silêncio, sou violenta e explosiva. Violentada, na realidade. Eu simplesmente faço essas maluquices porque sou violentada, assim de repente, com esses pensamentos idiotas de querem acabar com tudo. Mas eu não tenho culpa, te prometo. E eu tenho certeza que você vai entender.
A vergonha era grande quando sentou-se a mesa da cozinha. Ela estava lendo os papéis que estavam ali, a postura bem errada, os ombros quase na altura da mesa, na cabeça podia-se ver a linha da raiz do seu cabelo. O pijama largo deixava suas clavículas bem a vista. As pernas tortas, quase desnudas, cheias de marcas de depilação corrida. E os pés, feios, do tipo bailarina, estavam estáticos.
E eu não sabia o que dizer.
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Na cozinha, sentado a mesa, ele me perguntou o que eu estava fazendo.
- Vou fazer um café, por quê?
- Hora dessa? Pra ficar a noite toda acordado né? - reprovou.
- Não, é que está cedo e eu já estou com sono mas não quero dormir agora porque se não eu acordo no meio da noite...
- Me dá um gole?
Dois minutos e a cafeteira já tinha feito o seu trabalho, que deveria ser meu, mas eu sou preguiçoso.
- Toma.
- Nossa, isso é uma xícara ou um balde? - bebeu. - Que café forte! Tu não vai dormir.
Este sou eu. Café às 22 horas, extremamente adoçado, numa caneca grande. Exagerado.
- Preciso ficar acordado até meia-noite, no mínimo.
O meu exagero na cafeína é compensável, pelo menos. Uma xícara de café é o bastante pra encher o meu estômago e assim eu fico o dia inteiro saciado. O que tu come num dia inteiro eu bebo à noite, em uma caneca de café.
E eu fiquei, realmente, acordado a noite toda. 7 da manhã e eu estava em pé, os olhos bem abertos e uma outra caneca com café até a borda. Este sou eu, café às 7 da manhã, extremamente adoçado (e com açúcar, me libertei do adoçante até que enfim) e um cigarro roubado da minha mãe. Meu cabelo está enorme, eu preciso cortar. Quero dizer, ir ao cabeleireiro. Mas o único dinheiro que tenho na carteira eu prefiro guardar pra sexta-feira à noite. Talvez seria bom ir cortar o cabelo, mas eu não quero. Eu odeio ir ao cabeleireiro. Prefiro assim, cabelo grande, roupas velhas em casa e uma xícara de café bem forte. Ter que me arrumar, lavar o cabelo, blablabla... não, não vou. 10 reais na carteira. É melhor assim.
- Vou fazer um café, por quê?
- Hora dessa? Pra ficar a noite toda acordado né? - reprovou.
- Não, é que está cedo e eu já estou com sono mas não quero dormir agora porque se não eu acordo no meio da noite...
- Me dá um gole?
Dois minutos e a cafeteira já tinha feito o seu trabalho, que deveria ser meu, mas eu sou preguiçoso.
- Toma.
- Nossa, isso é uma xícara ou um balde? - bebeu. - Que café forte! Tu não vai dormir.
Este sou eu. Café às 22 horas, extremamente adoçado, numa caneca grande. Exagerado.
- Preciso ficar acordado até meia-noite, no mínimo.
O meu exagero na cafeína é compensável, pelo menos. Uma xícara de café é o bastante pra encher o meu estômago e assim eu fico o dia inteiro saciado. O que tu come num dia inteiro eu bebo à noite, em uma caneca de café.
E eu fiquei, realmente, acordado a noite toda. 7 da manhã e eu estava em pé, os olhos bem abertos e uma outra caneca com café até a borda. Este sou eu, café às 7 da manhã, extremamente adoçado (e com açúcar, me libertei do adoçante até que enfim) e um cigarro roubado da minha mãe. Meu cabelo está enorme, eu preciso cortar. Quero dizer, ir ao cabeleireiro. Mas o único dinheiro que tenho na carteira eu prefiro guardar pra sexta-feira à noite. Talvez seria bom ir cortar o cabelo, mas eu não quero. Eu odeio ir ao cabeleireiro. Prefiro assim, cabelo grande, roupas velhas em casa e uma xícara de café bem forte. Ter que me arrumar, lavar o cabelo, blablabla... não, não vou. 10 reais na carteira. É melhor assim.
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Hunter.
um homem destinado a procurar, estará sempre procurando. não encontrando. porque aí seria outro destino, né: encontrar.
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sábado, 2 de fevereiro de 2008
odeio esses sábados ensolarados.
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
os banhos longos não vão tirar de mim esse gosto nojento que sinto quando penso assim, sem querer, em tudo o que ja fiz. e é incrível. sempre tenho algo pra lembrar e pra me fazer pensar "que ridículo fui". parece que eu vivo pra sempre fazer errado e sempre me arrepender e sentir vergonha. aquele quente subindo a nuca e avermelhando as (falsas) bochechas que eu tenho.
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terça-feira, 29 de janeiro de 2008
ê, bostinha!
não receber notícicas suas depois das onze horas é ruim pra mim porque eu fico imaginando coisas. não ciúmes, mas algo como inveja mesmo. eu penso, sempre penso, que se você não quer pegar o telefone e me mandar um sms ou dar algum sinal de vida dizer que pensou em mim ou que quer me encontrar amanhã essas coisas idiotas que poderiam pintar um sorriso - não falso - na minha boca toda machucada por causa das áftas que surgiram por causa da porcaria do cigarro que fumei é porque você está fazendo alguma coisa muito mais útil do que sei la, pensar em mim, de fato. e aí eu fico mal, ligo o rádio e fico sem fazer nada. eu estaciono mesmo. não tenho vontade de sair daqui nem pra ir ao banheiro. aí eu durmo, babando em cima do braço. acordo sujo e com a boca sequíssima, o cabelo todo duro por causa da pomada que não lavei na noite de ontem - acabei dormindo com a mesma roupa, sem banho. não sei nem que horas são e quando olho no relógio penso "será que ele já foi embora?". é patético. eu estou parando, estou parando com os cigarros, com a comida e com tudo o mais. vou parar definitivamente, inclusive com essa merda que tenho dentro de mim, essa bostinha de coração.
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Aqui do meu quarto eu consigo ouvir as crianças da rua debaixo brincando e gritando o dia inteiro. Aí eu saio na sacada e olho pra elas e penso: "Meu deus, eu não queria ser criança". Eu realmente tenho vergonha da minha infância e eu não queria repetí-la. Alegria em brincar e esse entusiasmo barato não me conferem nostalgia e eu agradeço por já ter passado dos 12 anos.
Eu vejo os velhos do centro da cidade e penso: "Não quero envelhecer". Não quero ficar careca, não quero rugas, não quero doenças, não quero osteoporose, não quero nada do que o meu futuro vai me oferecer. A confirmação de tudo isso eu percebo no meu pai. Um coitado barrigudo com rugas e problemas na coluna.
Mas aí eu lembro dos jovens da minha idade - ah! os jovens! o futuro da nação - e então eu penso: "Não quero ser assim". Vejo o meu irmão, os amigos dele, as pessoas da escola, os ex amigos da rua, os primos, os estranhos jovens descolados que encontro por aí, os pré-universitários, os gays, os manos e etc etc etc e sinto orgulhoso! Orgulho de não pertencer a nenhuma porcaria de grupo e por não ser como eles. E mesmo os que estão à margem, como eu. São todos uns idiotas. Não há pessoas legais no mundo.
Aí, então, que eu me olho no espelho e penso: O que eu estou fazendo aqui? Esperando o que, de quem, pra quê? Sinceramente, eu não sei o que estou fazendo. E como se não bastasse esse vácuo, essa vala, esse vazio demográfico dentro de mim, que me impede de ser "normal" e de então pensar e agir "normalmente", eu ainda faço coisas que fodem ainda mais toda essa porcaria. Talvez o meu cérebro não saiba pensar. Ou então falta uma conexão entre a porcaria da minha massa cerebral e o resto do corpo. É como se eu só soubesse respirar, suar, andar, urinar. Eu não consigo lidar com os sentimentos, com os medos, com os desejos, com essas coisas exclusivas da humanidade. Eu sou um ser-humano, habilitado a pensar e a criar, mas não tenho nada pra fazer nessa porcaria de mundo, nessa porcaria de corpo, nessa porcaria de casa, nessa porcaria de vida. Ou quando surge alguma coisa e eu penso que finalmente vou conseguir me libertar um pouco, eu não consigo, não consigo. Não vou até o fim. Dos cursos que fiz foram poucos os que concluí. E dos que concluí nada lembro e tenho até vergonha de colocar no meu currículo, pois se alguém me contratar eu não vou saber fazer nada. Ou quando surge uma pessoa que me faz acreditar que o mundo não está perdido, que as merdas das nuvens cinzas um dia poderão ser brancas e toda essa merda platônica que EU, exclusivamente eu, apenas eu, eu sozinho, crio na merda da minha cabeça, eu me perco. Me perco completamente e cada vez mais fundo. Foram poucas as vezes, mas sempre intensas. Eu não sei o que acontece. Por que acreditar que alguma coisa vai mudar? Meu deus, olhe para os lados, Diogo. Seja realista pelo menos uma vez na sua vida e entenda que as coisas não vão mudar.
P.S.: Vou lançar um livro sobre dramas adolescentes...
Eu vejo os velhos do centro da cidade e penso: "Não quero envelhecer". Não quero ficar careca, não quero rugas, não quero doenças, não quero osteoporose, não quero nada do que o meu futuro vai me oferecer. A confirmação de tudo isso eu percebo no meu pai. Um coitado barrigudo com rugas e problemas na coluna.
Mas aí eu lembro dos jovens da minha idade - ah! os jovens! o futuro da nação - e então eu penso: "Não quero ser assim". Vejo o meu irmão, os amigos dele, as pessoas da escola, os ex amigos da rua, os primos, os estranhos jovens descolados que encontro por aí, os pré-universitários, os gays, os manos e etc etc etc e sinto orgulhoso! Orgulho de não pertencer a nenhuma porcaria de grupo e por não ser como eles. E mesmo os que estão à margem, como eu. São todos uns idiotas. Não há pessoas legais no mundo.
Aí, então, que eu me olho no espelho e penso: O que eu estou fazendo aqui? Esperando o que, de quem, pra quê? Sinceramente, eu não sei o que estou fazendo. E como se não bastasse esse vácuo, essa vala, esse vazio demográfico dentro de mim, que me impede de ser "normal" e de então pensar e agir "normalmente", eu ainda faço coisas que fodem ainda mais toda essa porcaria. Talvez o meu cérebro não saiba pensar. Ou então falta uma conexão entre a porcaria da minha massa cerebral e o resto do corpo. É como se eu só soubesse respirar, suar, andar, urinar. Eu não consigo lidar com os sentimentos, com os medos, com os desejos, com essas coisas exclusivas da humanidade. Eu sou um ser-humano, habilitado a pensar e a criar, mas não tenho nada pra fazer nessa porcaria de mundo, nessa porcaria de corpo, nessa porcaria de casa, nessa porcaria de vida. Ou quando surge alguma coisa e eu penso que finalmente vou conseguir me libertar um pouco, eu não consigo, não consigo. Não vou até o fim. Dos cursos que fiz foram poucos os que concluí. E dos que concluí nada lembro e tenho até vergonha de colocar no meu currículo, pois se alguém me contratar eu não vou saber fazer nada. Ou quando surge uma pessoa que me faz acreditar que o mundo não está perdido, que as merdas das nuvens cinzas um dia poderão ser brancas e toda essa merda platônica que EU, exclusivamente eu, apenas eu, eu sozinho, crio na merda da minha cabeça, eu me perco. Me perco completamente e cada vez mais fundo. Foram poucas as vezes, mas sempre intensas. Eu não sei o que acontece. Por que acreditar que alguma coisa vai mudar? Meu deus, olhe para os lados, Diogo. Seja realista pelo menos uma vez na sua vida e entenda que as coisas não vão mudar.
P.S.: Vou lançar um livro sobre dramas adolescentes...
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sábado, 19 de janeiro de 2008
O cruzamento e o não oi.
Eu estou vestido de um jeito que ela não sabe, não conhece o meu perfume, não sabe que lavo o cabelo com o chuveiro desligado - evito sim o desperdício. Na rua me mantenho ereto e vou andando sem olhar para os lados, até que a vejo e de repente perco toda a postura. Fico perdido e não vejo que a luz vermelha me ordena esperar e que a luz redonda os faz correr, sim, os carros, e eu acabo quase sendo atropelado. Mesmo assustado continuei andando tentando fazer com que cruzássemos o olhar e então talvez um oi. Como eu, ela se veste de um jeito que não conheço, não sinto o seu perfume e não sei o que ela faz com os cabelos. Ela se mantém ereta e anda sem olhar para os lados, nem nota o quase acidente.
Dois olhos que não se cruzam no cruzamento onde os carros passam sem quase dar a chance aos pedestres apaixonados e perdidos de desviarem de um quase atropelamento. A vida é assim, nada é real e tudo o que é, o é injustamente. A verdade é que estas palavras talvez tornem as coisas mais bonitas mas não é assim lá fora. Não há câmera lenta como no cinema e nem coincidência que junta duas pessoas para sempre. Há apenas minhas pernas indo na direção contrária das dela. E hoje foi ela, amanhã será outra ou outro e depois mais um, mais uma, e tudo o que sempre acontece na minha vida são esses cruzamentos não cruzados e as luzes me dizendo o que fazer e o único frio na barriga que sinto não é quando sua mão delicada percorre o meu abdômen.
Dois olhos que não se cruzam no cruzamento onde os carros passam sem quase dar a chance aos pedestres apaixonados e perdidos de desviarem de um quase atropelamento. A vida é assim, nada é real e tudo o que é, o é injustamente. A verdade é que estas palavras talvez tornem as coisas mais bonitas mas não é assim lá fora. Não há câmera lenta como no cinema e nem coincidência que junta duas pessoas para sempre. Há apenas minhas pernas indo na direção contrária das dela. E hoje foi ela, amanhã será outra ou outro e depois mais um, mais uma, e tudo o que sempre acontece na minha vida são esses cruzamentos não cruzados e as luzes me dizendo o que fazer e o único frio na barriga que sinto não é quando sua mão delicada percorre o meu abdômen.
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terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Sujeira.
Eu não sei porque continuo a me limpar, tomando três banhos diários, escovando os dentes e lavando os cabelos. Seria melhor me manter sujo. Talvez combinasse com a minha podridão.
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Você vai se cansar
Eu quero ouvir a sua voz e não pelo telefone. Quero tocá-lo enquanto você fala comigo. Sentir a sua pele enquanto acaricia-me os ouvidos com sua voz. Quero beijar os seus lábios enquanto você me diz para parar. Não vou parar pois sei que você gosta. Ao menos por enquanto, pois sei que amanhã será outro dia em que não responderei o seu bom dia e não direi sim está tudo bem tive uma noite ótima - isso nunca acontece. Então você vai se cansar de mim.
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domingo, 6 de janeiro de 2008
apagar-me
apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme
paulo leminski.
Novamente sem dormir. Não tenho culpa, me desculpe. Às 04h21min (há quase 12 horas que estou acordado) da manhã e eu não tenho sono. Eu sou clichê, eu sei. Eu sou o garoto deprimido, gordo e solitário, sofrendo de insônia, usando óculos de acetato, camisas listradas, sendo chamado de viado e procurando pessoas especiais. Mas eu sou assim aqui, dentro do meu quarto. Eu sou o contrário de tudo isso também. Eu sou o garoto dos palavrões e das bebidas. Eu sou, também, aquele que fica bêbado na madrugada, dorme no sofá da balada e vomita nas pessoas que estão do lado. Eu sou o que quebra o vidro e que entra em um cômodo de teto baixo com um homem completamente desconhecido que me beija enfurecidamente e quer tirar a minha calça. E eu sou o que aceita, eu sou o que tira a calça... Eu sou o que não se orgulha do que fez. Eu não gosto das minhas ações, dos meus pensamentos, eu não gosto de nada. Talvez seja esse o meu único orgulho: perceber que eu sou patético. Somente por isso eu não tenho vontade de quase nada. Eu não sou nada, eu não quero ser nada. Eu não quero. Eu não quero mais nada. Meu cérebro não pára e tudo o que eu falo ou penso é besteira. Ignore-me, pra sempre.
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme
paulo leminski.
Novamente sem dormir. Não tenho culpa, me desculpe. Às 04h21min (há quase 12 horas que estou acordado) da manhã e eu não tenho sono. Eu sou clichê, eu sei. Eu sou o garoto deprimido, gordo e solitário, sofrendo de insônia, usando óculos de acetato, camisas listradas, sendo chamado de viado e procurando pessoas especiais. Mas eu sou assim aqui, dentro do meu quarto. Eu sou o contrário de tudo isso também. Eu sou o garoto dos palavrões e das bebidas. Eu sou, também, aquele que fica bêbado na madrugada, dorme no sofá da balada e vomita nas pessoas que estão do lado. Eu sou o que quebra o vidro e que entra em um cômodo de teto baixo com um homem completamente desconhecido que me beija enfurecidamente e quer tirar a minha calça. E eu sou o que aceita, eu sou o que tira a calça... Eu sou o que não se orgulha do que fez. Eu não gosto das minhas ações, dos meus pensamentos, eu não gosto de nada. Talvez seja esse o meu único orgulho: perceber que eu sou patético. Somente por isso eu não tenho vontade de quase nada. Eu não sou nada, eu não quero ser nada. Eu não quero. Eu não quero mais nada. Meu cérebro não pára e tudo o que eu falo ou penso é besteira. Ignore-me, pra sempre.
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sábado, 5 de janeiro de 2008
descansa coração*
Hoje eu quero somente esquecer
Quero o corpo sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar
Agora nem sei mais o que querer
*música de Nara Leão.
Quero o corpo sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar
Agora nem sei mais o que querer
*música de Nara Leão.
Marcadores: pessoal
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Parei.
Eu estou afundando no tédio. Eu não tenho nada pra fazer. Eu posso inventar alguma coisa, claro, mas eu não quero. Eu quero e não quero. Eu quero fazer algo que seja útil e que me leve à algum lugar, mas eu quero agora. Quero avanços imediatos. Não quero ler um livro, porque vou acabar o livro e então? E daí? Ah, sim, aprendi palavras novas. Mas e daí? A verdade é que as palavras difíceis que eu aprendo nos livros somem da minha cabeça. Porém eu nunca esqueço os significados que aprendo quando alguma outra pessoa me ensina - como quando o hippie da rua me ensinou o que era "utopia". Eu preciso andar. Eu quero ver lugares. É aquela coisa clichê de sentir novos ares, observar novas paisagens. Eu quero lugares completamente novos. Eu quero me perder dentro de alguém. Eu quero me perder dentro da cabeça e dos pensamentos e dos desejos e pelos caminhos passados nos sonhos e me perder nesse lugar estranho. Eu apenas estou cansado de mim e dos meus livros e dos meus desenhos e da minha sujeira habitual esparramada por cima da mesa e no chão do quarto. Eu quero música saindo das paredes e alguém pra dançar comigo.
Marcadores: fictício
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
algumas das 100 ideias de Keri Smith*
1. Faça uma caminhada. Desenhe ou liste as coisas que achar na calçada.
2. Escreva uma carta para você no futuro.
3. Compre algo não muito caro como um símbolo para suas necessidades de criar, (novas canetas, uma xícara, diário). Use-o todos os dias.
4. Desenhe o seu almoço.
6. Cole um envelope em seu diário. Durante uma semana guarde tudo o que encontrar na rua.
8. Encontre uma foto de uma pessoa que você não conheça. Escreva uma pequena biografia sobre ela.
9. Passe um dia desenhando apenas coisas vermelhas.
10. Desenhe sua bicicleta.
11. Faça uma lista de coisas a comprar para a próxima semana.
12. Faça um mapa de todos os lugares pelos quais você passou em um dia.
13. Desenhe um mapa das rugas da sua mão, (nós dos dedos, palma).
14. Trace as suas pegadas com giz.
15. Grave uma conversa ouvida por acaso.
17. Vá a uma loja de tintas. Guarde as amostras de suas cores favoritas.
18. Desenhe a sua árvore preferida.
19. Tire 15 minutos para chupar uma laranja.
20. Escreva um haiku.
21. Fique de ponta cabeça por cinco minutos.
23. Faça uma marionete.
25. Leia um livro em um dia.
26. Ilustre a sua lista de compras.
27. Leia uma história em voz alta para um amigo.
28. Escreva uma carta a alguém que você admire.
29. Estude o rosto de uma pessoa que você não goste.
30. Faça uma refeição baseada em uma cor. (por exemplo: tudo branco).
31. Crie um museu de coisas muito pequenas.
32. Liste os cheiros do seu bairro.
33. Liste 100 utilidades de uma lata de alumínio vazia.
34. Preencha uma página inteira do seu diário com pequenos círculos. Pinte-os.
35. Dê embora algo que você ama.
36. Escolha um objeto, desenhe o lado que você não consegue ver.
40. Desenhe todas as coisas que estão em sua bolsa/carteira.
43. Relembre o seu jogo favorito da época de infância.
45. Desenhe o mesmo objeto todo dia por uma semana.
47. Desenhe todas as suas peças de roupa favoritas.
48. Faça uma peça de roupa usável utilizando-se apenas papel e fita adesiva.
52. Grave todos os sons que você ouve durante uma hora.
53. Usando uma régua, recorte várias texturas que encontrar em uma revista e brinque com elas, misturando-as entre si.
54. Fique sem todos os meios de comunicação durante um dia ou mais. Escreva sobre os efeitos.
56. Desenhe o seu lixo.
59. Liste 10 coisas que você gostaria de fazer todos os dias.
61. Recicle o seu lixo. Transforme-o.
62. Escreva em seu diário usando letras MUITO grandes.
69. O que você está pensando agora? Escreva.
70. Faça nada.
71. Escreva uma lista de 10 coisas que você poderia fazer.
74. Coloque um pequeno objeto dentro do bolso esquerdo da sua calça (pode-se usar uma bolsa). Coloque sua mão esquerda dentro do bolso e sinta o objeto. Tente desenhá-lo.
75. Faça um gráfico ou uma escala de medidas de algo na sua vida.
77. Crie instruções para uma tarefa simples do dia-a-dia.
79. Ache uma foto. Altere-a desenhando sobre ela.
Me cansei de traduzir as que faltam mas essas já são suficientes para mostrar que eu adoro listas e a grande simplicidade das coisas. Sou bege, amarelo? Não. Eu até tento ser. Às vezes sou vermelho e nesses dias eu me canso de tudo: das listas, das cores, dos lápis... Eu não me importo com mais nada. Eu sou inconstante e toda essa simplicidade pode explodir amanhã; explodir em forma de palavrões e muito álcool e outras drogas ingeridas. Esse sou eu: amarelo ou vermelho, yellow or red. Yllworrd.
*http://www.kerismith.com/funstuff/100ideas.htm
2. Escreva uma carta para você no futuro.
3. Compre algo não muito caro como um símbolo para suas necessidades de criar, (novas canetas, uma xícara, diário). Use-o todos os dias.
4. Desenhe o seu almoço.
6. Cole um envelope em seu diário. Durante uma semana guarde tudo o que encontrar na rua.
8. Encontre uma foto de uma pessoa que você não conheça. Escreva uma pequena biografia sobre ela.
9. Passe um dia desenhando apenas coisas vermelhas.
10. Desenhe sua bicicleta.
11. Faça uma lista de coisas a comprar para a próxima semana.
12. Faça um mapa de todos os lugares pelos quais você passou em um dia.
13. Desenhe um mapa das rugas da sua mão, (nós dos dedos, palma).
14. Trace as suas pegadas com giz.
15. Grave uma conversa ouvida por acaso.
17. Vá a uma loja de tintas. Guarde as amostras de suas cores favoritas.
18. Desenhe a sua árvore preferida.
19. Tire 15 minutos para chupar uma laranja.
20. Escreva um haiku.
21. Fique de ponta cabeça por cinco minutos.
23. Faça uma marionete.
25. Leia um livro em um dia.
26. Ilustre a sua lista de compras.
27. Leia uma história em voz alta para um amigo.
28. Escreva uma carta a alguém que você admire.
29. Estude o rosto de uma pessoa que você não goste.
30. Faça uma refeição baseada em uma cor. (por exemplo: tudo branco).
31. Crie um museu de coisas muito pequenas.
32. Liste os cheiros do seu bairro.
33. Liste 100 utilidades de uma lata de alumínio vazia.
34. Preencha uma página inteira do seu diário com pequenos círculos. Pinte-os.
35. Dê embora algo que você ama.
36. Escolha um objeto, desenhe o lado que você não consegue ver.
40. Desenhe todas as coisas que estão em sua bolsa/carteira.
43. Relembre o seu jogo favorito da época de infância.
45. Desenhe o mesmo objeto todo dia por uma semana.
47. Desenhe todas as suas peças de roupa favoritas.
48. Faça uma peça de roupa usável utilizando-se apenas papel e fita adesiva.
52. Grave todos os sons que você ouve durante uma hora.
53. Usando uma régua, recorte várias texturas que encontrar em uma revista e brinque com elas, misturando-as entre si.
54. Fique sem todos os meios de comunicação durante um dia ou mais. Escreva sobre os efeitos.
56. Desenhe o seu lixo.
59. Liste 10 coisas que você gostaria de fazer todos os dias.
61. Recicle o seu lixo. Transforme-o.
62. Escreva em seu diário usando letras MUITO grandes.
69. O que você está pensando agora? Escreva.
70. Faça nada.
71. Escreva uma lista de 10 coisas que você poderia fazer.
74. Coloque um pequeno objeto dentro do bolso esquerdo da sua calça (pode-se usar uma bolsa). Coloque sua mão esquerda dentro do bolso e sinta o objeto. Tente desenhá-lo.
75. Faça um gráfico ou uma escala de medidas de algo na sua vida.
77. Crie instruções para uma tarefa simples do dia-a-dia.
79. Ache uma foto. Altere-a desenhando sobre ela.
Me cansei de traduzir as que faltam mas essas já são suficientes para mostrar que eu adoro listas e a grande simplicidade das coisas. Sou bege, amarelo? Não. Eu até tento ser. Às vezes sou vermelho e nesses dias eu me canso de tudo: das listas, das cores, dos lápis... Eu não me importo com mais nada. Eu sou inconstante e toda essa simplicidade pode explodir amanhã; explodir em forma de palavrões e muito álcool e outras drogas ingeridas. Esse sou eu: amarelo ou vermelho, yellow or red. Yllworrd.
*http://www.kerismith.com/funstuff/100ideas.htm
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